Ela poderia passar despercebida tão miúdo é seu corpo e tão discreta ela é.
Mas seus olhos muito abertos (“grand ouverts”) chamam a atenção e repelem-na ao mesmo tempo.
Nem repousados, nem repousantes.
Com um estado de alerta.
Medo, atenção, indiferença se acotovelam sem parar.
A boca e sua expressão não se vêem tão o olhar domina o rosto e intriga ou fascina o observador.
O peito e a bunda são adolescentes, como ávidas de sentir a perturbação (“émoi”).
Os braços e as pernas cheiram a delicadeza.
Eis em breve um corpo juvenil que parece ter atravessado o tempo e o espaço, preservado, intacto (talvez sem tacto).
Mas quando subitamente ela estoura de riso, dir-se-ia uma cavalgada de cavalos selvagens, uma torrente de águas puras.
Além do olhar - misterioso, o que impressiona é a pélvis, centro de gravidade deste corpo.
Bem proporcional, parece um violoncelo que vibra facilmente, vivamente, simplesmente, digamos: naturalmente.
Transmitindo suas ondas às pernas e ao peito (quando o medo desaparece) quando ela se sente fragmentada, dividida, ela fica desconsertada, paralisada.
Quando, a respiração é libertada, a carga da pélvis se espalha no corpo inteiro.
Ela vira graça, gozo, potência.
La chamaria ainda Beleza ou nova Eva.
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