Centro de Estudos Neo-Reichiano



A Beleza do Corpo Energético
Por Jean Marc Guilherme
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Por Jean Marc Guilherme

Se vocês me perguntarem hoje, qual é o meu signo astrológico, eu responderia: “o signo da beleza”.
Mas não vou contar minha vida tim tim por tim tim. Vou convidar vocês a sonharem com o belo, a imaginar, por exemplo, um “ministério da beleza” numa droga de governo.

Viva a República dos Sentidos!

Viva a utopia!

Viva a beleza!

Para a maioria de nós, a experiência da beleza não é habitual. Ela está freqüentemente associada a um acontecimento excepcional (uma cerimônia de casamento, por exemplo) ou a festas (aniversário, carnaval, etc.) ou a uma paisagem de férias.
Talvez porque nós temos tantas coisas importantes a fazer para ganhar dinheiro, fazer carreira, se ocupar dos outros... que não temos tempo de parar para ver o belo dentro do cotidiano, da vida, do rosto do amado, do corpo que ondula, da árvore magnífica, da canção do varredor de rua, etc.

NO COMEÇO ERA O BELO

A primeira experiência do belo é talvez a que se passa entre uma mãe, um pai e um bebê, através da fascinação do olhar:
“Como é bonito meu bebezinho!”
“Você viu, ele tem o nariz do avô!”
Pode-se pensar que o bebê, ele mesmo, é fascinado pela beleza dos olhos, do rosto sorridente de seus pais e mais tarde pela harmonia do gesto e o conjunto do corpo em movimento.
Mais do que isso, podemos falar de um corpo a corpo, de uma “pele a pele”, onde todos os sentidos da mãe (e secundariamente, do pai) são exacerbados e os sentidos do bebê são despertados, formados e desenvolvidos a partir dos movimentos reflexos, em função da sensualidade da mãe.
Ao contrário, um corpo de criança que vai ser carente, aterrorizado, humilhado, quebrado, abusado, vai perder sua beleza original.
Felizmente, quanto a mim, este primeiro olhar fundador do belo seguido do contacto com o seio materno durante um ano, foi certamente à base de minha paixão pela beleza do corpo da mulher e da natureza.


MAS, O QUE É UM CORPO BELO?

Segundo Lowen, um corpo belo é um corpo gracioso. “A graça é a expressão da beleza”, “a beleza da beleza”, um “ não sei o quê ” que toca, emociona, deslumbra o espectador.
Isso significa também que o belo tem sua parte de mistério, de irracional. Ele é objeto de contemplação, de sonho, às vezes, de emoção, sempre.
Como nós o aprendemos?

Com os sentidos, sempre e sempre!

Em Francês: “Beauté rime avec sensualité.”

Que quer dizer: “Bondade rima com sensualidade.”

1 – A VISÃO, O OLHAR

Para perceber a beleza, é preciso parar, pousar seus olhos sob um objeto, uma paisagem, um animal, um ser humano. É preciso ficar calado e tomar o tempo de gostar, ao contrário dos tempos modernos com sua aceleração e seu culto às imagens. O celular permite evitar o olhar tanto quanto o computador provoca o encontro virtual. Precisamos de pausas para respirar e olhar o belo a nossa volta e no nosso interior.

2 – A AUDIÇÃO, A ESCUTA

Falemos de bela música, de uma bela voz. Isso quer dizer um tom de voz que não é nem agudo demais, nem grave demais, uma voz modulada em eco com o ambiente, com a emoção presente. O tom de voz cria intimidade, o belo, o espaço onde locutor e ouvinte estão em melodia.

3 – O OLFATO, O CHEIRO

Fala-se aqui de bons e maus cheiros, mas o perfume está associado à beleza. O amante geralmente adora o odor sui generis do outro e o considera como o melhor dos afrodisíacos. O nariz tem que ser educado porque este mundo está mais e mais asséptico.

4 – O PALADAR, O GOSTO

O paladar participa da beleza quando ele é usado figurativamente: o bom gosto, a elegância. Saborear bem devagar, ajuda a privilegiar a qualidade, evitar a obesidade e educar o paladar.

5 – O TATO, A PELE, O TOQUE

Aprender a tocar é como uma arte ou uma virtude. É como um meio termo entre pegar e roçar, entre o forte e o suave. O toque justo participa da graça.
Os encontros de amor e os encontros profissionais também são provocados, quase sempre, por causa dos sentidos. Raramente por causa das idéias comuns e de palavras inteligentes.

Assim quando comecei a trabalhar como psicólogo num hospital de Montreal, encontrei com uma mulher de classe (seu pai era compositor e amigo de Villa Lobos), com uma elegância e uma graça natural, uma voz calorosa e melodiosa, um perfume com cheiro de cravo e canela. Fui imediatamente subjugado. Durante 30 anos Jacqueline e eu exploramos juntos a beleza do corpo com paixão e júbilo.
Outro exemplo: tenho um primo na Bretanha, que durante uma cerimônia de casamento encontrou um par de pernas lindíssimas, extraordinárias e disse a si mesmo: “vou casar com esta beleza” e... se casou. Foi o começo de sua infelicidade.
Pobres de nós que somos escravos de nossos sentidos.
A escola e a universidade, não menos que a televisão, não ensinam a perceber, a amar a beleza.
Ensine isso a seus filhos!
Desenvolvam os seus sentidos!
Escutar a noite, tocar com delicadeza, cheirar as plantas, observar os passarinhos, preparar uma receita saborosa, economizar a energia do planeta.
A sensualidade abrirá naturalmente a inteligência (nunca o contrário).
Tomar a cada dia um pouco de tempo para domesticar o belo, com os cinco sentidos (e algumas vezes, o sexto).
Isso é dar a si mesmo felicidade, e é gratuito!

O QUE É O BELO?
OS CRITÉRIOS DA BELEZA

Um dia estava de férias com Lowen e disse a ele: “não sei se você sabe Al, mas os objetivos da análise bioenergética e os critérios da beleza são os mesmos”. Ele ficou surpreso e feliz.
Umberto Eco aborda esta questão sob o ângulo da Filosofia e da História da Arte.
A beleza requer três condições:
1 – A “integridade” ou a perfeição: as coisas truncadas são feias por si mesmo.
2 – As proporções requisitadas ou harmonia.
3 – O brilho: às coisas que têm cores brilhantes, nós dizemos voluntariamente que são belas.
Os critérios assim definidos tornam-se interessantes para nós, analistas bioenergéticos, que olhamos e trabalhamos os corpos de nossos clientes, com efeito:
1 – O corpo está longe de ser perfeito, integrado, muitas vezes ele está quebrado, cortado, com rupturas energéticas , bem notadas por Lowen, entre corpo e cabeça, entre coração e sexo, entre coração quente e mãos frias, etc.
2 – Desproporção e desarmonia são freqüentes: entre uma cabeça sobrecarregada e uma falta de enraizamento, entre um rosto juvenil e um corpo velho, entre um peito estufado e pernas frágeis.
3 – Em estado de estresse, a luz e o brilho não passam pelos olhos. A pele é mais pálida, sem calor ou sem tônus.

Então nossa tarefa é simples:
- Reduzir as quebras e construir mais integridade, mais integração entre as diferentes partes do corpo;

- Reduzir as desarmonias e desenvolver o enraizamento tranqüilo na realidade;
- Trazer de novo mais luz no olhar e mais energia sexual livre.

Isso com...

O movimento

A respiração

A voz

A vibração

Clássico!

CONCLUSÃO

Se uma entrevista verbal pode ser boa e uma interpretação pode ser justa, acho que uma boa sessão de análise bioenergética tem que tender a ser bela!
O movimento do cliente tem que se conjugar com o movimento do terapeuta.
A carga tem que rimar com a descarga.

O tempo do verbo tem que dançar com o tempo do corpo.

O tom das vozes no eco, abre a emoção.

Pode-se sentir uma respiração e uma vibração circulando entre duas pessoas.

Emana, então, uma impressão de harmonia, de beleza e de graça, uma coisa que parece com júbilo e prazer de estar vivo.

Jean Marc Guillerme

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